A noite desastrosa do Benfica. Quais as consequências? 

04-03-2024

O Benfica foi goleado na noite de ontem pelo Porto, no estádio do Dragão, repetindo-se a história de 2010. Mas o Benfica não perdeu só dentro de campo, também perdeu fora. Já lá vamos. Reavivando a história de 2010, o Porto apresentou-se com com Hulk, James, Falcão, Varela, Moutinho e companhia. Nessa época, o Porto foi campeão com 21 pontos de distância para o Benfica (que foi 2.º classificado) e foi campeão Europeu, vencendo a Liga Europa. Aliás, se dissermos que o Porto, nessa época, teve a melhor equipa nos últimos 40 anos, provavelmente será consensual entre os portistas e os adeptos de futebol em geral. A única dúvida a esse respeito, é a equipa que venceu a Liga dos Campeões em 2004. De qualquer das formas, estamos, pelo menos, a falar de uma das melhores equipas do Porto da sua história. Já o Benfica, vinha de uma época transata como sendo campeão (Jorge Jesus na 1.ª época em 2009/2010), algo que acontecia pela 2.ª vez em 16 anos. O curioso é que nessa época, o Benfica vem ao Dragão jogar com um defesa esquerdo adaptado (David Luiz), sendo Sidnei o central a jogar com Luisão, no eixo defensivo e, ainda, com Carlos Martins no meio-campo e Kardec como ponta de lança. Foi esse o contexto em que o Benfica foi goleado pelo Porto em 2010. Ontem, o Benfica não jogou com um mas sim com dois laterais adaptados para enfrentar Galeno e Francisco Conceição. E recorreu-se de Tengstedt para atacar a baliza defendida por Diogo Costa. Mas quais serão as razões? Não sabemos e de certo que não haverá uma boa explicação. Artur Cabral é retirado do "onze" estando a fazer golos e sendo um dos melhores do Benfica nas tarefas ofensivas e defensivas. Tem 9 golos em 33 jogos que participou, num total de 1450 minutos feitos. Marcos Leonardo, jogou 149 minutos (menos de 2 jogos completos), tendo feito 4 golos nesta época e até Musa tinha golo mas foi "mandado embora" pelo treinador do Benfica, tendo 6 golos em 179 minutos (praticamente 2 jogos completos) E Tengstedt? O dinamarquês tem 3 golos em 926 minutos. Significa isto dizer que Tengstedt praticamente jogou nônuplo (9x) de tempo de jogo que Musa e Marcos Leonardo, que fizeram mais golos do que este. Se fizermos uma comparação com Artur Cabral, o mesmo não tem o dobro do tempo jogado que Tengstedt mas tem 3x mais golos do que o dinamarquês. O que justifica então a entrada dele constantemente no "onze" ou como opção para entrar? Só o treinador poderá responder por isso. Jogar sem avançados em Alvalade (tendo Tengstedt um imprevisto e não estar disponível para esse desafio), diz o quê a Artur Cabral e Marcos Leonardo? Diz que não confia neles. Aliás, Tengstedt veio de uma lesão e entrou logo no "onze" mal recuperou e mesmo com Artur Cabral acabado de dar a passagem do Benfica ao play-off da Liga Europa, com um golo nos últimos minutos. Mas a questão não está apenas no onze inicial. Este treinador teve aquilo que nenhum treinador do Benfica teve quando por lá passou. Em laterais, o Benfica gastou 14 Milhões em Jurasek e ainda trouxe por empréstimo Bernat e Álvaro Carreras (opção de compra de 6 Milhões). Já em avançados, as águias gastaram 38 Milhões (Artur Cabral e Marcos Leonardo). Pelo meio, ainda vieram Kokçu (25 milhões), Trubin (10 Milhões) e Di Maria a custo zero. Algum treinador que esteve no Benfica teve à disposição esta disponibilidade financeira e de escolhas? Foi só a Direção do Benfica que fez o plantel? Não. As condições em que o Benfica foi humilhado há 14 anos no Dragão, não foram as mesmas de ontem. E isso até se reflete na reação pública dos adeptos do Porto, ao lamentarem o Porto não jogar sempre como jogou contra o Benfica e terem tido um "sabor agridoce", dadas as poucas possibilidades da conquista do título nacional. Mas se dentro de campo o Benfica foi humilhado, fora de campo também perdeu. E este, é verdadeiramente o ponto para aquilo que se segue e para a conclusão deste dia. Primeiro, colocaram João Neves na flash interview para reagir à derrota do Benfica. Um miúdo que sem dúvida incorpora os valores do Benfica mais do que muitos todos juntos mas que não deveria ser ele a carregar com esta responsabilidade, por várias razões. A primeira por ser um miúdo, a segunda porque está numa fase muito difícil com a perda da sua mãe, a terceira por ser dos poucos, senão o único, o mais inconformado dentro de campo, dando tudo o que tinha para dar. E, por último, porque nestas ocasiões devem falar os experientes, os campeões do Mundo, os da Europa e os que estão no Benfica há várias épocas e que têm outra maturidade. Não fosse o Presidente Rui Costa, a vir a terreiro pedir desculpas aos adeptos do Benfica, víamos uma comunicação inexistente com os adeptos. Adeptos esses que lhes custam até hoje lembrar os 5-0 de 2010. Por isso, o técnico alemão, não percebe os efeitos que este tipo de resultados têm na massa adepta de um clube. Será que Rúben Amorim e Sérgio Conceição teriam a coragem de não pedir desculpas aos adeptos do Sporting ou do Porto se tivessem tido um resultado destes contra um rival? Mesmo quando lhes perguntado? Ontem, perguntaram ao técnico do Benfica se não devia pedir desculpas aos adeptos. Para além de não achar que devia pedir, não aproveitou para ter, se quer uma palavra para, pelo menos, com aqueles que cantaram pelo Benfica até ao final do jogo no Dragão quando estes já estavam a ser goleados. O que revela uma frieza incomodativa para quem apoia o clube. Mas não só. Não era o momento certo para fazer um discurso "para dentro" e dar um murro na mesa? Ao invés disso, preferiu dizer que os jogadores já fizeram muitos bons jogos e que aquele não correu bem. A conclusão desta noite parece ser simples. Não seria uma boa gestão, se Rui Costa demitisse este treinador agora, pois o título é uma realidade possível e, para além de estar apurado noutras provas, faltam apenas 10 jogos para o fim do Campeonato. Contudo, reunidos os vários argumentos supra explanados, como a incapacidade sobre as opções técnicas, a incapacidade de conseguir ler um jogo a partir do banco, a incapacidade de dar um murro na mesa e falar "para dentro", nem que fosse "só" para dizer que "é inadmissível perdermos desta forma", não é possível tirarmos outra conclusão que não a sua saída em breve. Pois, este treinador, não incorpora a importância dum clube como o Benfica, como provavelmente não incorporará, se tiver a mesma postura, noutro clube grande europeu. Seja o desfecho que houver, o adepto do Benfica nunca irá perdoar a este técnico o resultado de ontem. Ser campeão não vai servir para continuar no Benfica. Ser campeão e ganhar a Liga Europa é muito improvável. A única condição deste treinador ser aceite pelos adeptos, era se o Benfica goleasse o Porto na final da Taça de Portugal. Não se vislumbra outra hipótese, para além de ganhar o campeonato e a Liga Europa, que não essa, para que os adeptos do Benfica perdoem o técnico alemão. E como isso é altamente improvável de acontecer (já dando de barato o Benfica chegar à Final e defrontar o Porto), o único cenário será a sua saída no final desta época pois a sua permanência será extremamente contestada. 

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