A nova narrativa | O acordo em 60 dias

Já existe uma nova narrativa por parte da direita e que agora é adotada pelos seus eleitores, a de que o PS "quer fazer tudo o que não fez antes". As atenções estão mais centradas nisso do que em fazer cumprir programas eleitorais em que votaram e melhorar a vida dos portugueses. Ou seja, muitos eleitores preferem atacar o partido socialista ao invés de quererem que o seu partido cumpra as suas promessas. Na campanha eleitoral, a AD prometeu adotar políticas em determinados setores, nos primeiros 60 dias de governação. Os setores que prometeu intervir de uma forma quase imediata foram na saúde, na educação e forças de segurança, anunciando uma valorização salarial. E Luís Montenegro fez essa promessa, criticando o PS de haverem condições para aplicar essas valorizações e não tê-lo feito. O que mudou em meia dúzia de dias? Qual será a razão para a AD não aplicar as promessas que fez? Essa é a pergunta que se deve fazer. Ao invés disso, quer-se agora inverter a narrativa de que "o PS quer fazer em 60 dias o que não fez em 8 anos". Primeiro, é totalmente demagógico, por ser falso, que o PS não tenha feito aumentos salariais na saúde, aos professores e às forças de segurança. E segundo, isso não significa que as carreiras não continuem a ser valorizadas. Aliás, faz parte da agenda de reivindicações desses setores fazer-se uma atuação imediata. Isto, apesar do sindicato independente dos médicos ter vindo dizer, depois das eleições, que "alarga o prazo" para que essa valorização seja feita, até 2026. Vir criticar o PS, por ter no seu programa a continuidade das políticas de valorização das carreiras e, por haver consenso nessas matérias para se fazer no imediato, é só populista e partidário. O que é expectável, é os partidos cumprirem com o que prometeram, nomeadamente a coligacao da AD, em executar medidas nesses setores em 60 dias.