CHEGA abandona Parlamento por deixar de reconhecer Augusto Santos Silva como Presidente da Assembleia da República.

No passado sábado, várias pessoas saíram à rua para se manifestarem pelo direito à habitação que, infelizmente, é cada vez mais posto em causa. Conforme o artigo anterior do olhardoinvisivel sobre este tema, o direito de manifestação é um reflexo da democracia e característico dos Estados democráticos. A ninguém deve ser impedido a participação numa manifestação. É um direito constitucionalmente garantido. Mas, tal como com os episódios ocorridos da manifestação pelo ambiente, não pode haver violação de outros direitos. O direito à manifestação não afasta a ilicitude da violência, nomeadamente colocar em causa a integridade física das pessoas. Isso é crime. Por isso, como ponto de partida para este artigo, facilmente afirmamos que qualquer elemento do partido CHEGA, tem inteira legitimidade em estar na manifestação e protestar. Augusto Santos Silva, para além de não condenar a agressão a um deputado do CHEGA, afirma, nas entrelinhas das suas palavras que o CHEGA, comportando-se de forma provocatória, não poderia esperar a convivência democrática que a Constituição exige. Pois bem, foi aqui o ponto da discussão no dia de ontem na Assembleia da República. Mas a que provocação é que Augusto Santos Silva se estava a referir? Estarem os deputados do CHEGA simplesmente estarem a participar numa ação legítima para todos? Ou que o CHEGA é um partido provocador no geral e fica legítimo não existir a "convivência democrática" para estes? Como quem diz, fica legítimo empregar a violência? Das duas uma. Ou o Presidente da Assembleia da República criticava todos os atos de violência ou não criticava nenhuns. O argumento de Augusto Santos Silva, faz entender que pode ser desculpável tais comportamentos se houverem motivos para tal, apesar de inicialmente afirmar que "a violência é sempre condenável". Ficam estranhas tais afirmações. André Ventura ao entrar neste bate-boca, acaba por abandonar a sua bancada parlamentar, seguindo-se a restante bancada do CHEGA. Afirmando este, não reconhecer Augusto Santos Silva como Presidente da Assembleia da República. Certamente apenas um ato simbólico, pois se assim não fosse, o CHEGA nunca voltaria a entrar no Parlamento enquanto Augusto Santos Silva fosse o Presidente da Assembleia da República. Percebe-se também que o líder do partido e seus pares, concertaram esta ação previamente, colocando panfletos na sua bancada que diziam "Augusto Santos Silva = Vergonha", após a discussão e abandono do hemiciclo. Veremos os próximos episódios.