“Climáticos” vandalizam quadro de Picasso no CCB. Protesto ou crime?

Dois jovens deslocaram-se no dia de ontem ao Museu do Centro Cultural de Belém e vandalizaram o quadro do Picasso. Os mesmos garantiram que a referida obra estava protegida, e nem a pintura nem a moldura iam ser danificadas. O argumento desses jovens foi o de não haver arte num planeta morto. Acrescentaram dizendo: "Temos de parar de consentir uma normalidade onde milhares são assassinados pelos governos e empresas emissoras." Se o leitor deste artigo não percebeu a relação das duas coisas, o autor dele também não. O objetivo de uma manifestação deste género, deveria ser sensibilizar as pessoas e colocá-las a discutir o assunto de uma forma séria e pro-ativa. Evidentemente, sensibilizando e apelando os governos a tomar medidas em consonância com as suas pretensões. Um objetivo redondamente falhado. O que se discute com este tipo de ações é a maneira como as mesmas foram feitas, a sua legitimidade e corresponde ilicitude. O verdadeiro objetivo da ação deixa de ser o foco, porque perde credibilidade, caindo no ridículo. E mais. Configurará crime? Bom, a Constituição Portuguesa não restringe direitos por causa de um protesto. Ou seja, por querer protestar, não posso violar um direito. Não posso colocar-me no meio de uma autoestrada e impedir a circulação do trânsito, colocando em causa a circulação de ambulâncias em serviços de urgência por exemplo. Não posso entrar numa sala e atirar tinta contra o corpo de um ministro. Ou de uma pessoa qualquer, no caso foi o ministro do ambiente Duarte Cordeiro. E não posso invadir um museu de arte e vandalizar o que quer que seja. Parece haver condescendência nesta matéria mas certamente que o Ministério Público já promoveu os respetivos procedimentos criminais. A questão das alterações climáticas devem continuar a ser debatidas e protestadas mas não praticando crimes. Certamente que voltaremos ao assunto.