Curiosidades sobre o resultado das eleições Legislativas. As possibilidades.

As eleições são no Domingo mas nada nos garante que vamos ter um vencedor. Praticamente todas as sondagens dão uma vitória à Aliança Democrática com uma margem de pouco mais de 6% de diferença. Como sabemos, nenhuma sondagem dava a maioria absoluta ao PS, tendo havido um empate técnico no último dia, e o PS conseguiu-a. Presentemente, ninguém dá maioria absoluta a ninguém mas acreditamos haver essa possibilidade quer para o PS, quer para o PSD. Para o PS mobilizando o eleitorado que lhe deu essa maioria. Para a AD, secando a IL e o CH com a ideia do voto útil. Pensamos que ambos os cenários são plausíveis de acontecer. Praticamente todas dão vitória à AD. Mas se formos ver a margem de erro, também em muitas delas verificamos um empate técnico. Por exemplo, numa sondagem em que a AD esteja na frente do PS por 4% mas em que haja uma margem de erro de 5%. Essa mesma margem de erro que pode dar uma vitória ao PS, pode ser a mesma que dá uma maioria absoluta à AD. Pelo que, ao contrário do que se diz, o resultado das eleições é mesmo imprevisível. Se houver uma diferença entre PS e AD de 1% ou 2%, o outro, que perdeu em percentagem, pode eleger mais deputados do que o vencedor. Ou seja, a AD pode ganhar por 1% ou 2% mas eleger menos deputados do que o PS e vice-versa. Quer isto dizer que, em tese, Marcelo pode dar posse a um governo liderado por um partido que teve menos percentagem de votos. Seguindo esse raciocínio, quereria isto dizer que estes partidos, no dia 10, poderiam ter apenas uma diferença de 1,2,3 ou 4 deputados. E se assim for, serão os votos no círculo da Europa e fora dele que vão determinar a vitória do dia 10. Mas, como sabemos, a contabilização oficial desses votos só ocorre volvidos 10 a 15 dias. Pelo que, só saberíamos do resultado no final no término deste mês e não no próximo Domingo. Outra curiosidade, foi aquela que o @olharinvisivel já deu nota aquando das eleições na Madeira e antes da crise política nacional. Nas Legislativas de 2022, 90 mil votos foram suficientes para distribuir 6 mandatos pela região autónoma da Madeira (3 para o PS e 3 para o PSD). Nas eleições regionais da Madeira em 2023 (há cerca de 6 meses), o partido JPP (Juntos pelo Povo) obteve 14933 votos, sendo a 3.ª força política da Madeira. Certo é que, o voto útil pode desmobilizar essa votação mas não nos podemos esquecer que a Madeira também vai a votos após uma polémica institucional que derrubou o governo regional. Por isso, é bem plausível que o partido JPP possa eleger um deputado pelo círculo da Madeira. A última curiosidade que queremos deixar é aquela projetada para a viabilização do governo que for indigitado. Algumas cartas já estão em cima da mesa. Se o PS perder e não tiver maioria de esquerda, os socialistas não aprovarão nem apresentarão uma moção de rejeição. Contudo, Pedro Nuno Santos não garantiu viabilizar o OE. E qual poderia ser a posição do CHEGA? Como já referimos noutro artigo, o CHEGA pode querer viabilizar o OE mesmo que o PSD não queira esse "apoio". Mas há ainda um 3.º cenário. Vejamos o que aconteceu nos arquipélago dos Açores. A bancada do CHEGA "partiu" a meio, passando de 2 para 1 deputado devido a divergências internas. Nas autarquias, a situação é a mesma coisa. Pelo menos 7 dos 19 vereadores eleitos, passaram a independentes. Ou seja, na Madeira perderam metade e nas autarquias perderam uma terça parte. Se projetarmos esta tendência para o Parlamento Nacional, então é bem possível que o CHEGA, mesmo que consiga eleger 40 deputados, possa perder parte deles. E num cenário mais positivo, se perder 6 ou 7 deputados, pode ser suficiente para fazer aprovar o OE, com esses independentes. Continuando no campo das suposições e no desenrolar desse cenário, se a AD e IL tiverem juntos 110 deputados, esses 6 ou 7 que saíram do CHEGA e passaram a independentes, podem viabilizar e até dar estabilidade governativa, com uma maioria parlamentar. Esse cenário tem mais sustentação, também tendo em conta que vários cabeças-de-lista do CHEGA provém do PSD e até da IL. São os casos de Rui Cristina por Faro, Eduardo Teixeira por Viana do Castelo, António Pinto Pereira por Coimbra, Henrique Freitas por Portalegre e Nuno Simões de Melo pela Guarda. Por isso, a AD poderá ter uma maioria relativa e conseguir governar mesmo que o CHEGA e o PS se alinhem para chumbar o OE. Em todo o caso, nada disto pode acontecer mas, em teoria, ficam as curiosidades.