Enquanto o PSD anda preocupado com as alianças ou não com o CHEGA, André Ventura afirma que quer ganhar as eleições.

Miguel Relvas, ex-ministro do Governo do PSD-CDS de Pedro Passos Coelho, afirmou que o PSD deveria "considerar acordo com o CHEGA". Ainda não começaram as campanhas e os militantes do PSD já estão mais preocupados com o poder e a forma de chegar a ele, do que em elaborar um programa forte de centro-direita para apresentar ao país. O PSD está a ler mal a política nacional e não está a saber interpretar os números. Mais de 50% dos votantes em Portugal são moderados e votam tradicionalmente nos partidos do centro, o PS e o PSD. Os sociais democratas, deveriam dirigir-se ao seu eleitorado e concentrarem-se em ganhar as eleições. Pois parte do eleitorado do PS que lhe deu maioria absoluta, é tradicionalmente a parte dos eleitores que se revêm numa ala mais centrista e moderada da política portuguesa. Segundo a última sondagem, já realizada após a demissão de António Costa, o CHEGA está a menos de 10 pontos percentuais do PS e do PSD. O que demonstra isso? Demonstra um novo panorama político nacional. Se virmos na história das nossas eleições, o PS e o PSD já tiveram algumas votações a rondar os 20% e não deixaram de ser os dois maiores partidos portugueses. Os 17% que a sondagem revela de intenções de voto no partido de André Ventura, identifica o CHEGA não só como um partido de protesto mas também como uma solução política diferente dos partidos mais ao centro. E é essa interpretação que o PSD deve fazer, ou seja, distanciar-se desse projeto político para governar o país, ao invés de pedir uma muleta do CHEGA para governar. Aliás, não é taxativo que se André Ventura ficar perto do PSD nas eleições, queira fazer qualquer tipo de acordo. Pois se assim acontecer, o PSD, para além do PS, passam a ser os seus adversários políticos. O mesmo seria dizer que, o combate do CHEGA, passaria a ser uma luta contra o "centrismo". Obviamente que se essa votação não acontecer, o CHEGA continuará a querer derrubar a esquerda e mesmo que o PSD não aceite, o partido de André Ventura poderá no Parlamento querer dar esse apoio. E da mesma forma que o dá, também o poderá retirar a qualquer altura, em que o timing da política assim os favorecer. Quer-se com isto dizer que se o PSD resolver fazer acordos com o CHEGA, perde esse capital de ser um partido de centro, assim como revela uma falta de coerência depois do que foi dito por Montenegro, o que favorece imediatamente o PS e o próprio CHEGA. Mais, como já foi opinado pelo olhardoinvisivel anteriormente, se o PSD ganhar as eleições e não conseguir formar uma maioria parlamentar sem o recurso ao CHEGA, o PS seria responsabilizado por não viabilizar uma solução que não incluísse o CHEGA. Pelo que, será natural, o PS "deixar" governar o PSD caso este ganhe as eleições. Não fazendo sentido esta trapalhada em que o PSD se está a colocar, com as alianças que pretende fazer para conquistar o poder, ao invés de fazer um bom projeto político para se apresentar aos portugueses. André Ventura, entrevistado pela CNN Portugal, afirmou peremptoriamente que o objetivo do CHEGA é ganhar as eleições. Luís Montenegro, enquanto líder do maior partido da oposição portuguesa, deveria fazer o mesmo.