Guerras no Mundo expõem as posições do Partido Comunista. Seria visto da mesma forma se o PS fizesse hoje coligação parlamentar com o PCP? E o PS quererá?

Importa esclarecer que as tomadas de posição do PCP são distintas dos restantes. Em relação ao mais recente conflito entre Israel-Hamas, o Bloco de Esquerda e o Partido Livre, defenderam a autodeterminação da Palestina o que, conforme o artigo anterior do olhardoinvisivel, não é incompatível com o recriminar os ataques do Hamas. Apesar de que, apenas o Bloco de Esquerda se manifestou dizendo "não há outra coisa a fazer, a não ser condenar sempre os ataques a civis", para se referirem aos ataques do Hamas a Israel. Apesar disso, a esquerda não fica bem na fotografia, pois podiam condenar e pedir a paz para os dois lados. O PCP também defendeu a libertação da Palestina mas acrescentou mais. Para justificar a atuação do Hamas afirmou que tal ação terrorista era o "resultado de décadas de ocupação e desrespeito sistemático por parte de Israel do direito do povo palestiniano a um Estado soberano e independente" sendo esta a primeira declaração do partido comunista. O que dá a sensação de uma certa insensibilidade aos ataques bárbaros de que os inocentes israelitas foram alvo. E essa sensação já vem do tempo em que a Rússia invadiu a Ucrânia. Desde o primeiro momento que o PCP se referiu a este conflito como uma "operação militar da Rússia na Ucrânia", o que caiu muito mal na população. Só passado 9 meses da guerra começar na Ucrânia, é que o líder do PCP Paulo Raimundo, numa entrevista, classificou a ação da Rússia como uma invasão. Independentemente das razões (não é esse o ponto do artigo), como será a opinião do universo dos eleitores? Não se está a falar dos tradicionais eleitores do PCP com base na sua militância ou orientação política mas sim dos novos eleitores. Dos que votam pela primeira vez, dos que votam por protesto e dos que votam para haver uma mudança. Muito dificilmente, com esta imagem social que o partido está a deixar nesta legislatura, terá esses votos. E é aqui que entra a última sondagem divulgada pela TVI/CNN, o PCP tem 4,0% da intenção de votos. Lembrar que o PCP nas legislativas do ano passado teve 4,3% da votação. Acontece que o PS, não teria maioria absoluta e precisaria do PCP para formar uma maioria parlamentar. Só que falta perceber outra questão: Os eleitores do PS quererão uma coligação com o PCP? Aceitarão tão bem uma geringonça como em 2015, incluindo o PCP? Será que os 27% de eleitores que, segundo a taxa de abstenção será à volta de 1,5 Milhões de pessoas, votarão nos socialistas, vão querer aceitar o apoio do partido comunista? Por seu turno, o PSD, que já excluiu o CHEGA, não conseguirá reunir maioria parlamentar. Se este cenário acontecer na realidade, provavelmente teremos um governo do PS, onde veríamos o PSD "deixar passar" o OE 2027, para mais tarde criar uma crise política e provocar eleições. É claro que isto é só um cenário, até porque faltarão introduzir 3 elementos determinantes até às legislativas, que hoje desconhecemos. O primeiro de todos será o resultado das próximas eleições europeias que poderão definir novos posicionamentos. O segundo é saber quem vai ser o candidato do PS para 1.º Ministro. E o terceiro é o relacionamento do candidato com o atual governo. Ou seja, se este Governo tiver boa aceitação pelas pessoas no fim da legislatura e o candidato não for crítico com o mesmo, podemos ter um PS até mais forte do que apresentam estas sondagens. Ou se o governo tiver pouca aceitação e o candidato do PS adotar uma postura de crítica. Tudo variáveis que hoje não conhecemos, até porque em tese, António Costa também se poderá candidatar às legislativas de 2026. Concluindo este artigo de opinião, o PS se ganhar as eleições, dificilmente aceitará o apoio do PCP. E, já agora, também dificilmente o PCP daria apoio parlamentar ao PS. Aconteceu em 2015 e isso custou-lhes muitos votos nas eleições subsequentes. Passando de 445980 votos em 2015, para 238962 votos em 2022, perdendo praticamente metade dos votos. O futuro dirá.