O futuro da Argentina e a possível extinção do Banco Nacional. Eleições nacionais no próximo Domingo.

As eleições na Argentina realizam-se no próximo Domingo, prevendo-se uma 2.ª volta. As sondagens dão uma ligeira vantagem a Javier Milei (entre 25,2% e 35,6%), candidato de A Liberdade Avança, tendo como concorrência Sergio Massa (entre 26,2% e 32,7%) e Patrícia Bullrich (entre 21,8% e 28,9%). Para se obter a vitória na 1.ª volta serão precisos 45% dos votos ou 40% se a diferença for no mínimo de 10 pontos percentuais em relação ao 2.º candidato mais votado. Perante os cenários, os especialistas argentinos afirmam que Milei terá garantido, pelo menos, a 2.ª volta. A dúvida estará entre a líder da direita, que se afirma como alternativa a Milei, e Sergio Massa pelo partido de centro esquerda. Apesar desses mesmos especialistas apontarem para uma ligeira subida de Patrícia Bullriche nesta última semana, é expectável que seja Massa a disputar com Milei a 2.ª volta. Sergio Massa, que lidera a candidatura do Unión por la Patria coalizão de esquerda, é o atual ministro da economia, integrando um Governo muito contestado pela população argentina. Na verdade, a Argentina vê-se numa situação difícil, tendo tido uma inflação de 12,7% no mês passado, numa inflação a 12 meses de 138,3%. Os preços dos alimentos e bebidas não alcoólicas subiram cerca de 150% desde Janeiro e é o setor mais atingido de todos. Estimando-se, neste momento, uma pobreza acima de 40% da população argentina. De lembrar também que Massa já concorreu às presidenciais em 2015, tendo perdido contra o ex-Presidente Mauricio Macri (apoiante de Patricia Bullriche). A candidata do Juntos por el Cambio já foi ministra da Segurança e ficou conhecida como perfil de "linha dura". Nesse período, a candidata conseguiu fazer com que a taxa de homicídios baixasse. Contudo, ao mesmo tempo, também se verificou um aumento da violência policial. Se for eleita, promete envolver as Forças Armadas para o combate ao narcotráfico, situação que pode causar algum desconforto ao eleitorado, muito mais depois de ter passado recentemente uma ditadura traumática (1976-1983), liderada pelo general Jorge Rafael Videla, onde estima-se terem morrido mais de 30 mil pessoas. Patricia Bullriche ficou relacionada com o líder dos Montoneros, grupo revolucionário de guerrilha e, recentemente, foi acusada por Milei de terrorista. São estes alguns dos motivos que poderão levar à eleição de Javier Milei, candidato considerado de extrema-direita, cujo voto de protesto irá reforçar a sua possível eleição. Milei promete acabar com o Banco Nacional da Argentina e instituir o dólar como moeda alternativa ao peso argentino, entendendo serem as melhores medidas para o combate à inflação e de melhoria da economia do país. O candidato é contra o aborto, defende o casamento homoafetivo e considera as alterações climáticas "uma farsa". Entretanto, Milei viu-se obrigado a recuar na ideia de liberalização das armas, pela polémica que causou. Apesar disso lidera as intenções de voto na corrida para a Casa Rosada.