O mito caiu ou é incompetência?

No primeiro jogo vencemos mas não convencemos. A Chéquia apresentou-se a jogar num bloco baixo. Portugal teve muito mais bola mas foi incapaz de imprimir intensidade e dinâmicas capazes de destronar o adversário. Estivemos a perder a partida e empatamos com um auto-golo. E nos últimos minutos, também com alguma sorte à mistura na forma como a bola chega a Francisco Conceição para finalizar, conseguimos o golo da vitória. No segundo jogo fizemos um jogo bastante competente também com alguma sorte a dar ajuda, nomeadamente na forma como chegámos ao 2-0 e colocámos praticamente um ponto final no encontro. Contudo, jogámos com mais fluidez e intensidade contra uma equipa que não se fechou cá atrás e nos fez pressão alta em alguns momentos do jogo, principalmente na nossa zona de construção. E chegamos ao último desafio da fase de grupos para enfrentar a Geórgia que tinha o sonho de chegar à próxima fase e que só a vitória interessava para conseguir esse sonho. Roberto Martinez justifica a manutenção no onze de Diogo Costa, por razões de "manter uma dinâmica", assim como Ronaldo pela "experiência" e "importância" que transmitia para a equipa. Justificações essas que caíram em saco roto depois de apresentar um onze com 9 alterações! Mas não foi por isso que perdemos contra a Geórgia. Não perdemos contra a Geórgia porque trocámos 9 jogadores. Nem perdemos porque jogámos com uma linha de 3 defesas ao invés de 4. Perdemos, como perdemos contra Marrocos no Mundial de 2022. Perdemos como perdemos contra a Bélgica em 2021 (Euro 2020). Quando a seleção portuguesa não consegue chegar primeiro ao golo e depois anda "atrás do resultado" contra os seus opositores que se colocam em zonas mais baixas no terreno de jogo após marcarem, temos muita dificuldade em dar a volta ao resultado. Conseguimos contra a Chéquia mas como já referimos, com alguma "ajuda divina". Mas voltamos ao jogo da Geórgia. Uma seleção que só a vitória interessava e chega ao golo aos 2 minutos. Evidentemente que após marcar, passou a jogar com um bloco baixo. Podíamos ter chegado ao golo do empate mas acabámos por sofrer o segundo golo. Após o jogo, surgiram a falar alguns "grandes especialistas". "Não devíamos jogar com 3 mas sim com 4" ou "Não devíamos ter alterado tanto a equipa", foram ideias para justificar a derrota. Antes do Europeu, era praticamente unânime a ideia de que "fazemos duas seleções e podemos ser campeões da Europa com qualquer uma delas". Pois bem. Ou o mito caiu ontem ou Roberto Martinez é incompetente. Ou seja, das duas uma, ou não temos qualidade para fazer duas seleções e "limpar isto tudo" como fez a Espanha (rodou a equipa toda no último jogo da fase de grupos e venceu a Albânia que precisava também da vitória para passar), ou temos um selecionador que não soube motivar os jogadores para entrar com atitude e vencer a partida. Portugal podia jogar em 3x4x3, 4x3x3, 5x4x1, 4x4x2 ou até 3x3x4. Em qualquer sistema, com os jogadores que têm, a seleção estava obrigada a vencer a Geórgia. Até arriscamos dizer que Portugal era obrigado a vencer contra a Geórgia com 11 jogadores que não foram convocados para o Euro'24. Esta questão é mais psicológica, do que propriamente sobre as opções. E basta recordarmos-nos do Euro 2008. Curiosamente, Portugal venceu também a Turquia e a Chéquia nas suas primeiras duas jornadas, perdendo contra a Suíça por 2-0, na última partida da fase de grupos. À semelhança do jogo de ontem, rodámos bastante a equipa nesse ano contra os helvéticos e somos eliminados contra a Alemanha no jogo seguinte (na altura nos quartos de final). Esperemos que a história não se repita este ano, contra uma seleção que, embora não tenha vencido nenhuma partida, não teve derrotas até ao momento. Pedimos mais concentração, mais intensidade, mais dinâmica e não ter os jogadores estáticos à espera de receber a bola. Vamos Portugal. Tu és capaz!