O Mundo dos discursos inflamados e distorcidos. A incoerência dos povos.

Vivemos tempos de guerra. Não é de agora. Guerra dos povos, pela sua legitimidade territorial. Guerra religiosa, pela sua autoridade moral. Guerra económica, pelo seu benefício regional. Recentemente vivemos uma nova guerra, a guerra da narrativa. Uma guerra da narrativa associada à desinformação derivada das "fake news" e a uma confusão de valores em relações aos outros. Mas se, as outras guerras têm um propósito. Qual é o propósito desta? De afirmação de valores? Na Europa, se cada dedo das nossas mãos valessem por 10 mil pessoas, contávamos pelos dedos as pessoas que não têm valores humanos. Contávamos pelos dedos, as pessoas que não ficaram chocadas pelos ataques do Hamas. Contávamos pelos dedos, as pessoas que são insensíveis à situação dos reféns. Contávamos pelos dedos, as pessoas que ignoram a crise humanitária na Palestina. E contávamos pelos dedos, as pessoas que não queriam a paz. Não. As narrativas extremadas não contém valores assim tão diferentes uma da outra. E é nisso que os povos deveriam unir-se. Não pela vitória da narrativa mas sim pela paz. Mas sim, por uma solução. Presentemente, existem a narrativa de que Israel deve eliminar o Hamas e outra de que deve haver um "cessar-fogo”. Nenhuma delas, demonstra insensibilidade em relação a ambas as partes, nomeadamente em relação aos direitos humanos. Se há por um lado, a narrativa de querer a defesa do seu território e não querer voltar a ter um 7 de Outubro perto das suas fronteiras, por outro há a implicação de uma catástrofe humanitária na faixa de Gaza. Ambos não estão a defender direitos humanos? Bom. Depois há um conceito extremado e tentador de se dizer, que é chamar Israel de um Estado terrorista e genocida. Mas afinal, o que é um Estado? É um grupo de pessoas que são eleitas para governar um povo? Se for, é um Estado que muda de face de 4 em 4 anos (na maior parte dos casos). Só que não. O Estado são um grupo de pessoas que vivem na "Pólis", que determinam as suas leis para auto-regularem os seus conflitos. Se o sistema político de cada Estado não serve esse propósito, é outra conversa. Mas não a nossa. Felizmente, na maior parte dos países ocidentais, vivemos verdadeiras democracias. E defender a democracia, é defender valores. Valores que, independentemente das narrativas, ambas defendem. E são os valores mais importantes. Regressando ao conceito de Estado e a sua relação com o terrorismo ou genocídio, e conforme os nossos conceitos de justiça, é injusto e perverso chamar ao conjunto de pessoas que formam um Estado governado sob um sistema democrático, de terrorista ou genocida. Só se entenderá, se a finalidade for o da "hiperbolização" do conflito, para alarmar e não cair no esquecimento a situação gritante da faixa de Gaza. Como anteriormente referido, associada à guerra da narrativa, estão as "fake news". E sem esmiuçar a criança que afinal era um nenuco e o rapaz palestiniano que aparece em pelo menos 4 situações, que, entre elas, são incompatíveis mas retratam bastante violência, vem o exemplo mais mediático do "Hospital atacado por Israel", by Hamas. Não nos agarremos a tudo para defender "a nossa dama". Para além de não fazer sentido, isso torna-nos pessoas que realmente não somos. E caímos no exagero. É completamente impossível, alguém que vê um festival para jovens ser invadido e atacado barbaramente naquele dia, e ficar indiferente. Como é completamente impossível alguém ficar indiferente à crise humanitária, à morte de inocentes e aos reféns em cativeiro na Palestina. Que haja paz e mais empatia! Já bastam as guerras, no seu sentido estrito.