Pontos essenciais no debate entre Rui Tavares e Rui Rocha

Rui Rocha iniciou o debate falando das propostas fiscais. Voltou a falar da redução do IRS e do IRC e afirmou que baixar o IRC é importante para trazer inovação, produtividade e investimento. Para reduzir a dívida pública e continuar com o excedente orçamental, manteve a ideia de que uma parte é recuperada pela aceleração da atividade económica. Rui Rocha afirmou que para além da redução do IRC, a IL propõe-se a eliminar os benefícios fiscais que valem mil milhões de euros. Justificou que para além disso, a privatização vai permitir não injectar mais dinheiro na TAP, que valerá 1500 milhões de euros. O líder do LIVRE afirmou que o seu programa todo, custará apenas dezenas ou centenas milhões de euros e não milhares de milhões de euros como a IL apresenta. Lembrou que Portugal passou por duas décadas onde só se falou de dívida e défice, considerando que não vamos voltar a querer estar nessa situação, aproveitando o superávit para equilibrar as contas ao mesmo tempo investir. Criticou a IL por esta achar que o Estado não deve ser investidor nem ser estratégico. Já o líder da IL afirmou ter como "horizonte de crescimento" atingir os 4% até ao final da legislatura. Confrontado com a taxa única de IRS, não beneficiar os jovens pois estes já pagam menos do que os 15% propostos pela IL, Rui Rocha considerou que os jovens não querem ter uma redução do IRS só até à uma determinada idade. Rui Tavares respondeu que Rui Rocha tem uma "visão de um arco íris e um cofre de moedas de ouro no fim", uma vez que se crescêssemos 4% daria para fazer tudo. O líder do LIVRE lembrou que ninguém sabe se vai haver uma guerra na Europa e que ninguém sabe se há outro episódio inflacionário, assim como ninguém sabe do comportamento da economia em relação aos "choques nas cadeias de distribuição". Rui Rocha quis demonstrar que não é matemático prever que vamos crescer nessa percentagem. Continuou, criticando que a IL, com as suas propostas, os mais pobres vão poupar uma verba que não chega aos 60€ por mês. E, puxando pelos seus louros, disse que o LIVRE fez com que as famílias poupassem 70€ por mês, só nos passes sociais nos transportes. Medida que o LIVRE fez aprovar e a IL votou contra. Acrescentou dizendo que majorando o abono de família para mães e pais solteiros sozinho, o LIVRE tem mais do que aquilo que a IL diz que as pessoas vão ganhar, poupando menos de 60€ de IRS por mês. Em relação ao IRC, Rui Tavares criticou o "desconto" de 4 mil milhões de euros para as empresas, para chegar aos 8 mil milhões depois. Concretizou dando a ideia de que esse dinheiro podia ser canalizado para quem é mãe ou pai solteiro e precisa do abono de família, para quem precisa de se deslocar e para quem quiser aquecer a sua casa. Rui Rocha ripostou dando um exemplo na Holanda onde quem ganha 35 mil euros por ano, tem uma taxa de 9% e em Portugal é de 37%, acusando Rui Tavares de querer ainda mais progressividade. O líder da IL continuou nas críticas a propósito do LIVRE querer taxar a automação, nomeadamente taxando a tecnologia. Rui Tavares criticou a ideia de que se substituirmos uma pessoa por um robô, para além de estarmos a "fazer de borla", temos ainda de ajudar a ser feito. Ou seja, para além de perder um trabalhador (e a receita desse imposto), temos de investir e isentar a tecnologia que vai substituir um humano, situação que o líder do LIVRE reprova. Em relação à Saúde, Rui Rocha propõe reconfigurar o sistema, dando o exemplo da Alemanha onde a pessoa escolhe se quer ir ao serviço público, privado ou à misericórdia. Rui Rocha entende ser vantajoso pois vai criar concorrência no sistema e melhorar todos os serviços. Já Rui Tavares defende o reforço no SNS, nomeadamente nos salários dos profissionais de saúde. Considera que se devia saber as grelhas salariais do privado uma vez que no SNS essa informação é pública. Pois isso, é que permite ter uma concorrência leal. Não avança com números porque não sabe o que se pratica no privado. Rui Rocha afirmou que o investimento de 15 mil milhões de euros é suficiente para trazer o modelo adotado na Alemanha. O líder da IL aproveitou para criticar Rui Tavares por defender a semana dos 4 dias, dando exemplos de insucesso de estudos feitos no Canadá e na Finlândia. Só que o estudo feito em Portugal, deram resultados positivos e isso foi lembrado pelo moderador e por Rui Tavares. Aliás, este último, explicou que o exemplo da Finlândia diz respeito ao Rendimento Básico Incondicional (RBI). Rui Tavares continuou dizendo que o estudo foi feito por 41 empresas e mais de 1000 trabalhadores, mostrando números associados à fadiga, bem estar e produtividade muito positivos. Independentemente disso, Rui Rocha criticou Rui Tavares por defender o projeto do RBI, apesar de não fazer parte do programa do LIVRE, assim como a imposição da lei para os 4 dias. Rui Tavares respondeu dizendo que, foi por imposição da lei que se chegaram às 8 horas de trabalho por dia. No que diz respeito à habitação, Rui Tavares criticou a IL por querer acabar com o Imposto de Selo, onde os proprietários milionários deixariam de pagar impostos, dando o exemplo de uma propriedade que custe 2 milhões de euros. A esse propósito, Rui Rocha afirmou que também pretende acabar com o IMT para os jovens, licenciamentos mais rápidos, reduzir o IVA na construção e aproveitamento de prédios devolutos do Estado para o arrendamento. Já o líder do LIVRE afirmou que o programa do PS não é suficiente e que o partido acordou tarde mas admite ser um ponto de partida. Rui Tavares defende a sobretaxa no IMT para quem nunca contribuiu para o fisco em Portugal e a possibilidade de compropriedade de um jovem e de um fundo público para a entrada para aquisição de habitação própria permanente. Em relação a esta última ideia, explicou se a pessoa quiser arrendar, deve arrendar a preços acessíveis e se quiser vender, deve fazê-lo pelo mesmo sistema. Para finalizar o debate, Rui Tavares não fechou as portas ao PS.