Pontos essenciais do debate entre Pedro Nuno Santos e Rui Rocha

O debate foi focado em políticas fiscais e na diferença de modelo económico que cada um defende e apresenta para o país. Como é sabido, a Iniciativa Liberal tem como bandeira eleitoral a baixa de impostos para uma taxa fixa de 15% no IRS e 12% no IRC. As propostas da IL vão ainda mais além, prometendo a eliminação do IMT para habitação própria permanente e a eliminação da contribuição extraordinária sobre o setor energético, fornecedores de dispositivos médicos, indústria farmacêutica e audiovisual. Pedro Nuno Santos afirmou ter feito as contas e calculou um custo de 9 mil milhões de euros que o Estado tem, no caso dessas propostas serem aprovadas. O líder da IL negou que fosse esse o custo e justificou as suas propostas defendendo que "o dinheiro que não está tanto no estado e está mais no bolso das pessoas não desaparece. Há uma recuperação da receita por via da aceleração económica". Acrescentou dizendo que a receita fiscal tem crescido extraordinariamente e por isso neste momento hoje é mais fácil responder (a esses custos das propostas da IL). Justificação essa que é estranha, uma vez que a IL critica veemente a carga fiscal portuguesa, e vem defender que parte das suas medidas (de redução fiscal) também pode ser sustentada por parte do produto dessa receita. Estranho. Pedro Nuno Santos com referência a esta intervenção, respondeu que o PS não tem nenhum "dogma fiscal", dando o exemplo da governação socialista ao baixar sucessivamente no IRS e lembrando que propõe uma redução do imposto sobre a eletricidade e uma redução das tributações autónomas para as empresas sobre as viaturas. O líder do PS foi mais longe ao afirmar que "a diferença entre mim e o Dr. Rui Rocha é que o Dr. Rui Rocha sabe que não vai governar e eu estou preocupado com as contas que tenho de pagar no dia 11." Alertando ainda para o rombo das contas públicas, que "a prazo pode resultar em austeridade". Sobre a saúde, Rui Rocha vincou a ideia de recurso ao privado para garantir médicos de família, nomeadamente às grávidas e aos mais idosos. Pedro Nuno Santos não afastou as Parcerias Público-Privadas se entender serem as melhores para Portugal, acentuando a ideia de que, atualmente, quando se atinge 75% do tempo de espera de referência já se dá possibilidade ao utente de ser operado no privado. Por fim, em relação à habitação, Pedro Nuno Santos lembrou que a crise neste setor é transversal a toda a Europa e que o PS lançou "o maior programa de investimento público na habitação de que há memória no nosso país". O líder socialista afirmou que "infelizmente, não decidimos fazer uma casa hoje e temos uma casa amanhã". E reiterou que o Estado, presentemente, ajuda 230 mil famílias com apoios ao arrendamento e cerca de 26 mil jovens com o programa "Porta 65". Já Rui Rocha, foi mais ambicioso ao dizer que garantia a construção de 250 mil habitações até ao final da legislatura. Mesmo quando questionado por Clara de Sousa sobre a pouca probabilidade disso acontecer, uma vez que nem com o PRR se conseguirá metade desse objetivo, o líder da Iniciativa Liberal insistiu conseguir concretizar essa meta. O mais caricato neste debate foi no tema do crescimento económico, onde Pedro Nuno Santos começa por dizer que "Portugal no último trimestre foi o que cresceu mais na União Europeia, foi o número 1". Rui Rocha ironizou afirmando que esse facto "é como uma equipa de futebol estar a perder 6-0 e marcar golo no último minuto". Pedro Nuno Santos fez o "remate final" dizendo que "não fui ao último minuto do futebol, eu dei o último trimestre, dou o ano todo de 2023 onde Portugal foi o 2.º que mais cresceu na Europa". Neste debate ficaram ausentes alguns temas como a questão da reivindicação dos polícias e respetivas atribuições de subsídios, propostas na área da educação, posições em relação à imigração e, como provavelmente ficará ausente em todos os debates, a política externa que, neste momento, é quase tão importante como todas as outras anteriormente referidas.