Pontos essenciais do debate entre Mariana Mortágua e André Ventura

O debate começou por se falar da crise da habitação. Mariana Mortágua defende a limitação da procura de luxo, que provém de vistos gold e de 1500 milhões de euros em benefícios fiscais. A líder do BE voltou a afirmar que se deve proibir a venda de casas a não residentes nas grandes cidades. André Ventura elucidou o seu programa que fala de políticas de oferta e de procura, ao invés do Bloco que "só se preocupa em ter o Estado a fazer tudo". O líder do CHEGA lembrou que os investimentos dos vistos gold refletem apenas 3%, não afetando nada no mercado imobiliário e criticou as medidas do BE que tiram 4,8 mil milhões ao Estado. Mariana Mortágua acusou André Ventura de só ter interesses imobiliários, interesses esses que beneficiam pessoas do CHEGA, e de defender os vistos gold. A líder do BE afirmou que esses interesses imobiliários pretendem que os preços subam e que o CHEGA é conivente. Acusou o partido de André Ventura de estar numa comissão de inquérito à TAP e nunca ter dito que recebia dinheiro dos acionistas privados da TAP. André Ventura atacou o Bloco de Esquerda com o caso Robles, vereador do BE, para falar de especulação imobiliária. O líder do CHEGA afirmou ainda ter orgulho em não ter nas suas listas terroristas, indiciando o BE de os ter. Mariana Mortágua voltou a vincar as políticas que o CHEGA quer implementar e aproveitou para responder à provocação sobre as listas. E a propósito de falar de terrorismo, a líder do BE acusou André Ventura de ter como número 2, um dirigente que fez parte de uma organização terrorista, o MDLP, que foi responsável por 600 atentados, matou o padre Max e matou uma jovem. Mariana Mortágua voltou ao tema da descida do IRC (proposta do CHEGA) para dizer que a medida só vai refletir nas grandes empresas, uma vez que poucas pagam essa taxa. E deu exemplos, como o Santander, uma borla de 50 Milhões, o BCP de 25 Milhões, a Galp de 160 Milhões e a EDP de 180 Milhões, acusando as proposta do CHEGA defender os milionários, a especulação e os interesses que financiam o partido de André Ventura. Este ultimo voltou acusar o BE de ter nas suas listas pessoas condenadas e afirmou que Pacheco de Amorim (o seu número 2) nunca foi condenado a nada. Sobre os donativos, preferiu defender-se atacando a ex líder do BE, Catarina Martins, de ter alojamento local. O líder do CHEGA voltou a defender a redução do IRC para atrair mais investimento. Acusou Mariana Mortágua de não aprovar uma proposta de fiscalização dos vistos gold, para o combate à corrupção. Já a líder do BE questionou André Ventura sobre se sabia quantas pessoas tinham sido condenadas em Portugal em 2021 por corrupção e deu a resposta imediata de 25 pessoas. Deu este exemplo para explicar que o problema não são as penas mas sim as condenações. A líder do BE referiu que o CHEGA pode até propor prisão perpétua ou pena de morte, que não vai resolver o problema. Para Mariana Mortágua, a questão está em conseguir condenar, situação difícil devido ao dinheiro estar quase sempre em offshores e criticou o CHEGA de não ter qualquer medida para controlar esses depósitos. Lembrou que para se apreender bens é necessário primeiro encontrar o património e para isso é preciso combater offshores. André Ventura voltou acusar o BE de ser contra a regularização do lobby, o aumento de penas e o aumento dos prazos de prescrição dos crimes, proposto pelo CHEGA. De seguida, falaram de políticas de imigração. André Ventura considera que Portugal está a aumentar muito o seu nível de imigração e isso gera pressão na saúde, e na habitação. Como tal, defende que a imigração deve ser controlada e regulada, cuja aceitação deve ser orientada para as necessidades do país. André Ventura defende que não podemos continuar a ter este descontrolo e criticou o BE de ser a favor da extinção do SEF e ser a favor do regime dos vistos da CPLP. Já Mariana Mortágua criticou a política que o CHEGA quer para a imigração e afirmou que essas políticas levariam ao caos. Lembrou que prejudicariam as pessoas que trabalham na agricultura, nas pescas, nos lares e na construção, que representam 80% de imigrantes. A mesma afirmou que não seria apenas o caos na economia, como também na segurança social, dado a que, segundo um estudo recente, os imigrantes contribuem em mais de 1800 milhões de euros por ano, ajudando a pagar neste momento as atuais pensões. André Ventura contrariou Mariana Mortágua dizendo que deve ser a economia a determinar as necessidades migratórias que temos. O líder do CHEGA voltou a criticar os vistos CPLP aprovados pelo BE e que permitiu a regularização de mais de 350 mil imigrantes, prometendo acabar com esses vistos. André Ventura defende que quem vem para Portugal tenha de ter um contrato de trabalho ou meios de subsistência. Já a líder do BE acusou André Ventura de criticar a entrada de pessoas que fazem a apanha da fruta e fazem a agricultura e suas campanhas sazonais. Sobre a história da sua avó, Mariana Mortágua afirmou não ter mentido. A esse propósito referiu que a sua avó tinha 80 anos quando recebeu uma carta a dizer que a renda podia subir aos 85 anos, facto que lhe gerou sobressalto. André Ventura lembrou que essa lei só atingia pessoas com menos de 65 anos mas Mariana Mortágua interpelou-o dizendo que isso provocou medo. Já sobre igualdade de género, André Ventura pretende cortar as verbas atribuídas no montante de 400 milhões. A esse respeito, afirmou ser a favor da igualdade de género mas ser contra a ideologia de género onde se doutrina as crianças nas escolas e coloca-se conteúdos aberrantes de cariz sexual. Por isso, André Ventura quer fiscalizar para onde vão essas verbas. Já a líder do Bloco acusou André Ventura de querer acabar com essas verbas, o que significa acabar com o apoio às vítimas de violência doméstica e com o abono de família, considerando que o CHEGA é uma ameaça às mulheres. Mariana Mortágua aproveitou para pedir explicações a André Ventura sobre o seu programa prever o despedimento de 67 mil professores, ao propor a redução de currículos e dando de poupança de mil milhões por ano ao Estado. Lembrou que reduzir currículos não significará reduzir folhas de papel mas sim professores. André Ventura respondeu dizendo que reduzir currículos significa reduzir desperdício e custos operacionais. Continuou por dizer que o CHEGA propôs recuperação do tempo integral da carreira dos professores. Para finalizar o debate falou-se de acordos eleitorais e ambas as posições já são conhecidas. Mariana Mortágua não admitiu querer alguma função governativa, lembrando que o que o BE quer é determinar soluções, baixando os juros dos créditos da habitação ao invés de dar borlas aos bancos e baixar a carga fiscal de quem trabalha, ao invés de dar dar borlas aos financiadores. André Ventura não falou de coligações e utilizou o tempo para acusar o BE de sustentar 6 orçamentos do PS e de propor um adicional ao IMI que a própria Mariana Mortágua não paga.