Pontos essenciais do debate entre Paulo Raimundo e André Ventura

Este debate foi mais marcado por acusações mútuas do que ideias para melhorar o país. Começaram por falar na corrupção, onde Paulo Raimundo apontou a solução para o seu combate, nomeadamente "atacar o centro da corrupção", como as privatizações. Facto estranho de se resumir a isso, dado a não haverem privatizações há vários anos. André Ventura começou a sua intervenção por provocar o líder do PCP, ao perguntar se estes defendem a saída de Portugal da União Europeia e da NATO. Lembrou casos de corrupção em empresas públicas, não acontecendo só com privados. O CHEGA propõe prevenção e dissuasão, penalizando mais pelo crime, assim como o confisco e apreensão de bens. Paulo Raimundo aproveitou para esclarecer que não acompanha nenhuma medida do CHEGA, nem acompanhará, orgulhando-se disso, pois não apoia a demagogia. E vincou que é a experiência o leva a dizer que o problema da corrupção está nas privatizações. André Ventura disse que Paulo Raimundo não tem dados para dizer que o problema da corrupção seja esse e acusou-o de inventar. A propósito do aumento das pensões, André Ventura afirmou que estimam um aumento de despesa em 6 anos, cerca de 7% face ao PIB deste ano, num custo entre 7 e 9 mil milhões de euros. O CHEGA propõe um aumento das pensões igual ao salário mínimo nacional, sendo uma atualização primeiramente igual ao valor do IAS. O líder do PCP aproveitou para provocar André Ventura ao dizer que este queria voltar ao tempo da TROIKA e que apoiava as políticas desse tempo. André Ventura ficou espantado pois não tinha nenhum cargo no PSD. Paulo Raimundo continuou dizendo que o PCP propõe um aumento das pensões em 7,5%, para um mínimo de 60€, já este ano e fixar a idade da reforma nos 65 anos. Já André Ventura pegou nas provocações de Paulo Raimundo para acusar o PCP de assassinatos e expropriações no tempo do PREC. A conversa azedou e moderador virou a conversa para o aumento de salários e medidas fiscais. André Ventura a esse respeito, afirmou que defende vários modelos de financiamento, como o combate à corrupção, o combate à economia paralela, uma taxa sobre os lucros da banca e sobre as petrolíferas e aproveitamento de um desperdício que há na saúde em cerca de mil milhões de euros por ano. Já Paulo Raimundo afirmou não ser contra as empresas mas apontou que o peso salarial destas é de 14%, defendendo a fixação dos preços das telecomunicações, da eletricidade e do gás, para aliviar os preços de produção para as empresas. O líder do PCP aproveitou para voltar à provocação dizendo que André Ventura não perdoará do facto de "com a ação do PCP termos conseguido recuperar tudo o que tinha sido roubado e ir mais longe ainda, nos passes, nas creches, na gratuidade dos manuais escolares". André Ventura interpelou Paulo Raimundo, perguntando sobre a posição do PCP sobre a União Europeia e a saída da NATO. Paulo Raimundo defendeu-se perguntando ao líder do CHEGA se está de acordo com a política agrícola comum e que devíamos estar menos sobre a pressão das imposições da Europa. André Ventura acusou o seu opositor de não querer responder à sua pergunta e ter medo de assumir isso ao país. Em relação ao tema da habitação, o CHEGA considera que o problema no acesso à primeira habitação dos jovens é a falta de rendimento e que para isso propõe isenta-los no IRS até perfazer os 100 mil euros. Defende também que o Estado seja um garante na aquisição da primeira habitação. Já o PCP tem como estratégica combater a especulação imobiliária e para isso propõe disponibilizar 50 mil habitações públicas, umas construídas e outras reabilitadas mas que seja património do Estado. O debate acabou com o caso do imóvel que o PCP vendeu e serviu para reconstruir um prédio de 7 andares e cujos apartamentos podem ser vendidos por meio milhão de euros cada um. Paulo Raimundo não percebeu o alcance da pergunta e André Ventura acusou Paulo Raimundo do PCP ter muitos benefícios fiscais e o debate voltou a fugir dos temas principais. Foi um debate pobre de ideias, com demasiados ataques que não interessam ao país.